sábado, 21 de março de 2009

PROPOSTA 001: poema de Victor Meira

Mundo-festa

Sólida a mureta do mundo em festa, só a sombra no calcanhar da semana segreda prazeres por vezes empedrados, melhores quando copulativos, acelerados e dissonantes, ou azuis nas gargantas do ouvido.

Dessa falta de sol e daqueles ritmados sussurros, enormes blocos de gelo emergem da cabeça - que enquanto festeja é pura água. A picareta é brandida ainda durante os passos entre janelas.

O âmago é um lugar nunca tocado pelo sol - é casa. Lá o gelo vira samotrácia e vênus, descansa o espírito e esquece que a semana tem escalpe.

Lá a festa deixa de existir.